21 novembro 2025 - 10:38
Cartas 23 do Nahj al-Balaghah / O Alcorão e a Sunnah: Eixo dos testamentos do Imam Ali (a.s)

Nas fontes históricas, três testamentos do Imam Ali (a.s) foram transmitidos, nos quais diversos temas foram abordados. A Carta 23 do Nahj al-Balaghah é o testamento do Imam Ali (a.s) nos momentos que antecedem seu martírio, sendo que al-Sharif al-Radi registrou a segunda parte desse testamento na Carta 47 do Nahj al-Balaghah.

ABNA Brasil: entre as cartas do Nahj al-Balaghah, quatro testamentos do Imam Ali (a.s) foram transmitidos. Após retornar da Batalha de Siffin, cerca de três anos antes de seu martírio, o Imam (a.s) deixou um testamento relativamente longo dirigido ao Imam Hasan (a). Ao que tudo indica, al-Sharif al-Radi registrou a parte econômica desse testamento na Carta 24 e a parte não econômica na Carta 31. Nos dias anteriores ao martírio, entre 19 e 21 do mês de Ramadã, o Imam redigiu outro testamento, também transmitido em duas partes, nas Cartas 24 e 47 do Nahj al-Balaghah.

No volume VII do livro “Tamâm Nahj al-Balâghah”, de autoria do Hojjat-ul-Islam Sayyid Sadeq Mousavi, há ainda outro testamento atribuído ao Imam Ali (a.s), escrito para Ziyad ibn Nadr al-Harithi e Shurayh ibn Hani. O autor buscou reunir um conjunto completo de todas as palavras e escritos do Imam Ali (a). Com base nisso, pode-se dizer que três testamentos do Imam Ali (a.s) foram transmitidos, cada um contendo conteúdos comuns de natureza doutrinária e ética, além de diferenças em outros temas.

No primeiro testamento do Imam Ali (a.s) registrado no Nahj al-Balaghah — identificado como Carta 23 — o Imam (a.s) recomenda a todos a observância do Alcorão e da Sunnah do Mensageiro de Deus (s), apresentando ambos como “os pilares da religião” e “as lâmpadas da orientação”, assegurando que quem seguir esses dois fundamentos não será alvo de qualquer reprovação.

Ele diz:

«Minha recomendação a vocês é que não associem nada a Allah, e que não negligenciem a Sunnah de Muhammad (s). Estabeleçam firmemente estes dois pilares e mantenham acesas estas duas lâmpadas; assim, não haverá censura alguma sobre vocês.»

No segundo trecho desse testamento — proferido quando o Imam Ali (a.s) estava deitado em seu leito, ferido pelo golpe da espada — ele diz:

«Ontem eu era o vosso companheiro; hoje sou uma lição para vocês; e amanhã estarei separado de vocês.»

Esta afirmação do Imam Ali (a.s) parece expressar a realidade da relação do ser humano com qualquer pessoa ou coisa. Durante sua vida, a pessoa convive com familiares, amigos e outras pessoas, assim como convive com seus bens e posses. Se por alguma razão — doença, dano, perda ou destruição — essas pessoas ou coisas forem afetadas, o ser humano teme perdê-las. Então, essas realidades se tornam “lições” que ensinam a não se apegar demasiadamente a pessoas ou bens, pois tudo o que existe neste mundo é temporário, e chegará — cedo ou tarde — o momento em que deixará de existir ou se afastará de nós.

Seyyed Ali-Asghar Hosseini / ABNA

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